Seguro auto: cliente tem o preço mais adequado ao seu perfil em dez anos
Levantamento questiona o modelo “Classe de Bônus” adotado pelas seguradoras em meio ao crescimento do preço do seguro
As seguradoras demoram em média dez anos para oferecer o valor do seguro auto mais adequado ao seu cliente. A análise foi feita por Beto Barros, CO-CEO da Darwin, no Insurtech Brasil 2023, evento realizado nesta terça-feira, 6, em São Paulo. Diante de um crescimento do valor do seguro nos últimos anos, Barros afirma que mais pessoas estão migrando para as Associações de Proteção Veicular, empresas que operam em um mercado desregulamentado.
“A receita aumentou, mas a penetração diminuiu, tornando o setor ainda mais concentrado com 75% do seguro na mão de cinco players”, apontou o especialista. Com a recente aquisição da operação da Liberty feita pela HDI na América Latina, esse número subirá para 85%. “Quanto mais concentrado, pior”, destacou Barros.
Devido à morosa personalização do seguro auto por parte das companhias tradicionais, todos os perfis de segurado sentem no bolso o aumento do valor do seguro. “Temos piorado a penetração na sociedade enquanto assistimos o índice de roubo e furto aumentar em 2022. 70% dos brasileiros deixam de entrar no mercado porque o preço é impeditivo. Quando a seguradora consegue separar o joio do trigo o valor cai pela metade”, analisou o executivo.
Na análise de Barros, o modelo ‘Classe de Bônus’ adotado pelas companhias para analisar o comportamento do segurado acaba excluindo os bons condutores. “O aumento de preço deixou as pessoas irritadas: o bônus aumentou, mas o preço dobrou? Talvez esse modelo esteja ultrapassado”, questiona o executivo.
A tendência da telemetria
No seguro auto, a telemetria é uma realidade e pode baratear o valor do prêmio, segundo o executivo da Darwin. Práticas como dirigir enquanto mexe no celular podem ser facilmente identificadas pela tecnologia empregada no seguro. Isso define com mais assertividade o perfil de cada condutor, o que ajuda na precificação do produto.
“Existe uma série de oportunidades no uso de dados e em telemetria. Dos 70% das pessoas que não têm seguro auto, 60% pesquisam frequentemente o preço dele. Logo, a análise do perfil do condutor é essencial para diferenciar os tipos de comportamento e, consequentemente, oferecer um valor mais justo”, explicou Barros.
O desafio, no entanto, está em explicar o novo produto com quem está acostumado com as características dos tradicionais. “Muita gente ainda tem receio com o uso de dados, por exemplo. Esse é um desafio que o canal de distribuição tem ao traduzir o ‘segurês’ e usar a tecnologia para facilitar a vida do cliente”, finalizou o executivo.